TRAGÉDIA EM SUZANO: REFLEXÕES POSSÍVEIS PARA UM COTIDIANO ESCOLAR DE PAZ

Letícia Vieira [1]


Na última quarta-feira, dia 13 de março, uma tragédia em Suzano (SP), que resultou na morte de sete pessoas (cinco alunos e duas funcionárias da escola), despertou a preocupação de pais/responsáveis e profissionais ligados à educação, no que se refere às violências que atravessam os diferentes espaços sociais, incluindo a escola.
Nesse sentido, compreendendo que o engajamento familiar é necessário e facilitador de muitos processos, a Escola de Educação Básica Getúlio Vargas iniciará a emissão de um encarte mensal, com o intuito de debater questões relacionadas à construção de uma cultura de paz e o estabelecimento de relações humanas saudáveis, pautadas por respeito e empatia. 
Inicialmente, é importante mencionarmos que a presença dos pais na escola e o acompanhamento da vida escolar dos filhos e das relações que estabelecem é fator primordial. Reservar um momento para o diálogo aberto, buscando inteirar-se do dia-a-dia da criança ou adolescente pelo qual é responsável, pode permitir que situações cotidianas de desentendimento, ocorridas entre colegas no espaço da escola, sejam devidamente orientadas e mediadas, evitando que cheguem a se tornar situações de violência.
Fator igualmente importante é o acompanhamento da vida virtual dos filhos: é essencial fiscalizar quais conteúdos acessam e veiculam, com quem falam pelas redes sociais, bem como a faixa etária indicada para os jogos e demais conteúdos de que fazem uso. Os assassinatos em massa na escola em Suzano evidenciam que a exposição a jogos violentos pode dessensibilizar a criança/adolescente e banalizar a violência, conforme já comprovado por especialistas como Bruce Bartholow, Bushman e Sestir[2]. Esses psicólogos, da Universidade de Missouri (EUA), constataram que crianças expostas a imagens violentas apresentam menor ativação de uma onda específica que estimula a aversão à violência. Ou seja: crianças expostas à violência tendem a passar a considera-la comum e não serem tocadas ou penalizadas pelo sofrimento causado aos outros pelas ações violentas.
Escola e família são parceiras no estabelecimento de valores e disposições que estimulem atitudes pacíficas e empáticas. Ser empático significa entender as pessoas, seu ponto de vista e o que é importante para o outro, observando-o com atenção e respeito. MAS COMO PODEMOS COMEÇAR?
§    Pais/responsáveis e profissionais da escola emocionalmente disponíveis: muitas situações de violência são desdobramento de carências de diferentes naturezas;
§    Limites claramente definidos: os responsáveis são parceiros da escola na cobrança de regras de conduta e convivência;
§    Responsabilidades: acompanhar a rotina e cobrar das crianças e adolescentes que façam a sua parte;
§    Acompanhamento da vida real e virtual das crianças: controlar o horário de saída e chegada da escola, buscar saber o que acontece no percurso escola-residência e estar atento à vida virtual das crianças/adolescentes – não subestime o poder dos dispositivos eletrônicos e dos conteúdos virtuais.
§    Diálogo entre família e escola: é importante que as famílias nos mantenham informados de quaisquer problemas relatados, no que se refere à escola, nos espaços de diálogo em casa, para que a escola possa tomar as providências que lhe couberem.
Contamos com vocês.  Até a próxima!
     


Fotos: produção de alunos na Semana da Paz - 2018.

   NEPRE - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO, PREVENÇÃO, ATENÇÃO E ATENDIMENTO ÀS VIOLÊNCIAS NA ESCOLA



[1] Orientadora Educacional e Coordenadora do Núcleo de Educação, Prevenção, Atenção e Atendimento às Violências na Escola da Unidade de Ensino.
[2] BD Bartholow, BJ Bushman, MA Sestir. Chronic violent video game exposure and desensitization to violence: Behavioral and event-related brain potential data. Journal of experimental social psychology, 2006. 42 (4), 532-539. 



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